Só se vive uma vez - viés do presente

Só se vive uma vez - viés do presente

Você provavelmente já ouviu várias vezes frases como “só se vive uma vez” ou “viva o presente”.

Claro, viver o presente é mega importante – a mente ansiosa que vive no futuro precisa mesmo de um descanso. Mas quanto do “viver no presente” é negligenciar o seu “eu futuro”?

Viver no presente, mas ainda pensar no seu futuro, requer muito equilíbrio e autocontrole.

Um experimento muito popular que aprofunda um pouco a temática do autocontrole é o teste do marshmallow, conduzido com crianças. No experimento, um adulto oferece à criança a opção de comer um marshmallow agora ou esperar ele voltar para ganhar mais outro, totalizando então 2. A criança então fica sozinha com um marshmallow nesse meio tempo (aguardando o retorno do adulto).

Além de ser primordialmente um teste de autocontrole, o teste acaba também avaliando a paciência e a “orientação pro futuro” da criança.

Muitas pessoas não conseguem resistir a tentações como essa – e comem o marshmallow – e isso pode estar relacionado ao “viés do presente”.

O viés do presente é um viés cognitivo onde a pessoa valoriza mais um retorno imediato em detrimento de um retorno futuro, supervalorizando o valor que esse retorno imediato tem. Há uma dificuldade em reconhecer o valor de um comportamento que não tem um retorno presente.

Esse viés cognitivo impacta muito em diversos aspectos da nossa vida, em especial quanto falamos do assunto dinheiro.

É muito difícil abrir mão ou fazer algum sacrifício presente, como deixar de comprar aquele segundo drink caro na saída de noite com os amigos ou de comprar uma blusinha na promoção no shopping no sábado de tarde, pensando, por exemplo, em guardar esse dinheiro porque será necessário para o seu futuro, para sua aposentadoria ou reserva de emergência.

Esse raciocínio nunca acontece – e, convenhamos – seria um saco o nosso “eu racional” aparecer nessas horas para contestar todas as nossas compras.

Além do viés do presente, outros comportamentos relativos ao nosso “eu futuro” impactam nas decisões presentes – quem nunca comeu uma pizza no sábado e disse que a dieta começaria de verdade só na segunda-feira?

Temos sempre uma visão muito otimista de que a nossa versão de amanhã, o nosso “eu futuro” vai dar conta de fazer tudo dar certo quando a hora de agir “dele” chegar.

Mas, no fim do dia, o que garante que a sua versão futura vai ser realmente a versão mais responsável, organizada e vai dar conta de todas as metas que você criou para essa versão de você?

São as atitudes do presente que farão toda a diferença para o seu futuro.

Lidar com dinheiro, é muito mais do que organização e matemática, é lidar com sentimentos e descobrir os nossos pontos cegos e comportamentos que não são tão saudáveis – é um exercício de autoconhecimento e mudança de hábitos que às vezes a gente nem sabia que tinha.

Pensar no seu futuro financeiro é necessário porque ele vai chegar e é melhor que você esteja pronto para isso, e tenha com quem contar – com o seu “eu passado”, preferencialmente.

E o que você pode fazer pelo seu “eu futuro” hoje (e esse multiverso intertemporal de versões de você mesmo(a) consigam viver em paz)?

Não há uma resposta fácil e absoluta (e você já sabia disso, né?).

São muitas as possibilidades que variam de acordo com a sua realidade particular, mas essa pergunta e auto-análise que ela proporciona é sempre bem-vinda.

Outras perguntas que talvez possam ser úteis: os gastos que eu estou tendo atualmente são úteis para mim de alguma forma ou poderiam ser facilmente evitados? O que eu planejo para o meu futuro envolve abrir mão de coisas e experiências no agora? Fazer um planejamento simples, guardar dinheiro de forma automática podem me ajudar? Ter um orçamento e padrão de vida abaixo do que recebo é possível?

De que forma eu posso me planejar para manter um equilíbrio entre esses dois “eus”?

Então, o convite desse post é te ajudar a pensar sobre o que você está fazendo no presente para o seu futuro, sabendo que a máxima do “só se vive uma vez” não quer dizer viva somente o presente.

Escrito pela psicóloga Carollina Guilhermino e Fernanda Guilhermino (Co-Fundadora da Oinc).