Quebrando o tabu que é falar sobre dinheiro
Para muitos brasileiros, existe um assunto que é terminantemente proibido — e esse tabu é falar sobre dinheiro. 🤫💰
Para muitos brasileiros, existe um assunto que é terminantemente proibido. Um tabu que só de ser mencionado contagia a sala com energia negativa, e parece causar mais polêmica até mesmo do que qualquer discussão política…
Seria esse assunto futebol? Não é bem isso… ❌
Religião? Boa tentativa… mas, também não. ❌
Esse assunto é dinheiro. ✅
Seja pela falta de educação financeira, pela distribuição de renda extremamente desigual no nosso país ou até pela falsa sensação de que talvez estejamos nos expondo demais, falar sobre dinheiro ainda é um tema muito sensível na nossa sociedade.
E não é à toa que eu mencionei que falar sobre dinheiro deixa muita gente na bad. No ano passado, o time do Universo da Psicologia publicou um artigo aqui no Oinc Blog chamado “O que você sente quando pensa em dinheiro?”, que explora um pouco como os nossos sentimentos afetam a nossa relação nossas próprias finanças.
Nesse artigo, o Tiago e a Carollina trouxeram uma pesquisa do Itaú Unibanco em parceria com o Datafolha. Essa pesquisa, realizada em 2020, mostra que 49% dos brasileiros evitam até mesmo pensar em dinheiro para não ficarem tristes.
Em 2022, uma pesquisa realizada pelo Banco BV e o Instituto MindMiners confirmou que 61% dos brasileiros ainda associam e dinheiro a sentimentos negativos. Além disso, 54% dos entrevistados consideram que falar sobre dinheiro é um tabu.
Com todas essas informações, a pergunta que fica é a seguinte: Como é possível mudar a nossa percepção negativa sobre o tema, se a gente ainda encara até mesmo falar sobre dinheiro como tabu?
Tá ouvindo esse som? É o tabu sendo quebrado…
A boa notícia é que, segundo essa mesma pesquisa de 2022, 58% dos brasileiros estão dispostos a falar mais sobre o tema.
Mas só estar disposto a falar sobre dinheiro não é suficiente. Como a gente pode fazer pra começar essa conversa e, com o perdão da expressão, quebrar o tabu de uma vez por todas?
Para realmente cuidar das suas finanças e ajudar aqueles ao seu redor a fazer o mesmo, tudo começa com a intenção de ser mais aberto sobre o assunto. Você pode começar a fazer isso por você e pelas pessoas que você ama com três simples ações:
Reconhecer que dinheiro também afeta a saúde mental, e vice-versa
O primeiro passo tem tudo a ver com educação emocional. Afinal, quando a gente não se sente equipado pra tomar decisões com confiança e tranquilidade, a tendência a fazer escolhas irracionais e apressadas é muito maior. Essas escolhas, por sua vez, costumam ser muito eficazes em fazer a situação parecer cada vez menos administrável.
Imagina só a seguinte situação: você teve um dia péssimo no trabalho, cheio de estresse e pressão. Quando finalmente chega em casa, se depara com uma pilha de contas para pagar e uma mensagem no celular sobre um aumento no aluguel. O nível de estresse vai lá em cima, e você decide que merece algo para melhorar seu dia. O resultado? 400 reais gastos em bugigangas na Shopee só para se sentir menos triste.
Mesmo que essas compras não tenham nada a ver com os problemas no trabalho, elas são uma forma de lidar com as emoções difíceis — e isso bem é mais comum do que se imagina (Afinal, quem nunca descontou a frustração em um carrinho de compras virtual, não é mesmo?). Muitas vezes, as nossas decisões financeiras são influenciadas pelas nossas emoções, mesmo que não façam sentido racionalmente.
Por isso, um ponto de partida pra achar um equilíbrio entre a razão e a emoção é tentar identificar os nossos próprios gatilhos emocionais. Ou seja, quais são as situações que nos despertam os sentimentos que fazem a gente evitar pensar e também falar sobre dinheiro. Assim, fica mais fácil identificar em quais pontos a nossa relação com o dinheiro precisa melhorar e, a partir daí, traçar um plano lógico de como lidar melhor com a situação.
Fale sobre dinheiro abertamente com amigos e família
O psicólogo Robert Cialdini cunhou o termo “prova social”, que descreve a pré-disposição que as pessoas tem de primeiro ver o que todo mundo está fazendo para, então, guiar suas próprias decisões.
Isso acontece de maneira totalmente instintiva. Afinal, essa é só mais uma herança genética que nosso cérebro desenvolveu visando a sobrevivência da nossa própria espécie durante muitos anos.
A questão é que, hoje em dia, quando o assunto é dinheiro, é só rolar o feed do Instagram pra ficar ligado naquele seu colega que gastou uma grana pra comprar um carro novo, um par de tênis da moda ou fazer aquela viagem dos sonhos. Isso tudo pode até render vários likes, mas nem sempre reflete a realidade financeira das pessoas.
Por isso, tá na hora de “hackear” essa nossa necessidade de ter uma “prova social”, e buscar quais são os bons exemplos que a gente pode seguir na hora de guardar dinheiro. Você pode começar fazendo perguntas pra sua família ou pra amigos próximos, como por exemplo:
- Qual foi a melhor decisão financeira que você já tomou?
- Quais estratégias você usa para economizar dinheiro e atingir seus objetivos financeiros?
- Quais foram os desafios que você enfrentou em relação ao dinheiro e como os superou?
Com certeza existem pessoas próximas a você que estão dispostas a te ajudar. Elas vão fornecer informações valiosas que vão aumentar a sua confiança para tomar a melhor decisão para sua vida financeira. Além disso, ter essas discussões de maneira honesta e aberta vai te ajudar a abordar muitas questões relacionadas à dinheiro.
Lembre-se: Você pode até se sentir vulnerável no início, mas quanto mais cedo essas questões são discutidas na sua vida, mais cedo elas se tornam parte da conversa padrão e promovem uma constante melhora na sua perspectiva em relação ao dinheiro.
Compartilhe as suas metas financeiras e as suas estratégias pra chegar até lá
Por aqui a gente fala muito sobre a importância de ter um objetivo muito bem definido na hora de guardar dinheiro e investir — e isso não é em vão.
Da mesma forma que a tal “prova social” funciona pra quem está buscando inspiração pra começar, também funciona pra quem já está no caminho. Compartilhar suas próprias histórias com o dinheiro e o que você faz pra estar cada vez mais próximo dos seus objetivos pode ajudar a continuar a par do que você precisa fazer para garantir que suas metas sejam alcançadas, além de te lembrar os motivos que te fizeram começar.
Adotar novas práticas a partir dessas discussões financeiras pode acelerar nosso crescimento individual e coletivo também, e criar um ambiente para discutir dinheiro é importante para nossa própria saúde financeira.
Por isso, dê aquela força para quem tá correndo atrás de uma vida financeira mais tranquila. Não precisa ter medo, é só ser legal e oferecer ajuda. Às vezes, contar suas próprias histórias vale mais que ouro na hora de dar aquele empurrãozinho financeiro!